As Mil e Uma Noites
As
Mil e Uma Noites, uma das obras da literatura universal, é uma coletânea de
fascinantes histórias inventadas e preservadas na tradição oral, revelando a
cultura árabe. A sua divulgação no Ocidente deve-se a Antoine Galland que, nas
suas viagens aos países árabes, recolheu e traduziu não só uma série de contos
orientais que foram publicados, em francês, em 1704, sob o título que hoje
conhecemos, como também uma série de versões que nunca foram completadas. O
árabe, de nacionalidade francesa, Joseph Charles Mardruz, médico sírio, que
viajou muito pelo Egito, foi o responsável pela versão final de As Mil e Uma
Noites, publicada em 1889.
As
Mil e Uma Noites relata uma das histórias mais belas de todos os tempos. Revela
a coragem e a inteligência de uma mulher que conseguiu, através do dom de
contar histórias, aplacar a ira e a raiva de um rei traído pela maldade e
infidelidade de outra mulher.
A
história começa em tempos muito remotos, altura em que a civilização persa era
das mais evoluídas da humanidade. Reinava a dinastia dos Sassânidas, tendo os
dois herdeiros, Schahriar e Schahzaman, cada qual, o seu reino: um tinha-o na
Índia, e o outro, na China. Um dia, Schahriar, cheio de saudades do irmão,
mandou-o buscar a Samarcanda, onde este vivia. Schahzaman, muito contente, fez
os preparativos para a viagem e, quando foi despedir-se da sua esposa,
encontrou-a adormecida nos braços de um criado. Retirou a espada e matou-os
imediatamente.
Schahriar
recebeu o seu irmão com honras, presentes e festas, mas Schahzaman estava
possuído por uma profunda e inabalável tristeza. Um dia, Schahriar foi caçar
sozinho e o irmão ficou no palácio, passeando pelos jardins. Foi então que
Schahzman descobriu a traição da rainha, esposa de Schahriar, e das suas
servas, deitadas com os escravos. Apesar de lamentar a sorte do irmão,
sentiu-se menos só na sua tristeza. Quando Schahriar voltou da caçada, este perguntou
a Schahzaman a razão pela qual se encontrava um pouco mais animado, e este
contou -lhe o que tinha visto. Depois de se certificar, por si mesmo do
acontecimento, Schahriar mandou o Vizir matar a sua esposa, as servas e os
escravos. De seguida, tomou uma decisão: daí em diante não manteria nenhuma
esposa viva para além da noite de núpcias. E assim aconteceu. Schahriar todos
os dias pedia a Vizir que lhe escolhesse uma esposa que, no dia seguinte,
estaria invariavelmente morta. O terror invadiu o reino, e todas as famílias
com filhas donzelas temiam o dia em que a terrível sorte as atingisse.
Até
que um dia, Sherazade, uma das duas filhas do Vizir, foi ter com o pai para lhe
comunicar uma importante decisão. Sherazade, bela, inteligente, culta e educada
pelos maiores sábios, tinha imaginado um plano para acabar com a loucura do
rei. O Vizir, desesperado, tentou demovê-la da sua decisão, mas nem lágrimas,
nem palavras conseguiram vencer a obstinação de Sherazade que, antes de partir
para o casamento no palácio, pediu a ajuda da irmã Duniazade para levar a bom
termo o seu plano.
Depois
da noite de núpcias e antes do amanhecer, Sherazade pediu a Schahriar que lhe
concedesse um último desejo, o de ver e o de despedir-se da irmã. Quando
Duniazade chegou, sentou-se junto do leito real e pediu à irmã que lhe contasse
uma história a qual o rei não também quis ouvir. Sherazade contou uma história
tão bela que deixou o rei preso às suas palavras e, quando a manhã interrompeu
a narrativa, Sherazade disse-lhe que o que havia contado não se comparava com o
que teria para lhe contar na noite seguinte. Desejoso de saber a continuação da
história, Schahriar permitiu que Sherazade vivesse mais um dia e, depois, outro
dia e, ainda, outro dia...
Durante
mil e uma noites, Sherazade superava-se noite após noite, estimulando, dessa
forma, a imaginação do rei com histórias belas, fantásticas e inteligentes. Até
que à milésima e uma noite, Sherazade pediu-lhe que a resgatasse do destino que
o rei havia previsto para ela. Schahriar reparou então que a amava e decretou
grandes festas no reino, durante trinta dias, para celebrar a sua união com a
mulher de quem nunca mais se separaria e com a qual viveu feliz para sempre.
Das
narrativas contadas por Sherazade, ficaram famosas as viagens de Sindbad, o
Marinheiro; as aventuras de Aladino e a lâmpada maravilhosa; a mirabolante
história de Ali Babá e os quarenta ladrões.
Note-se ainda que, nas coletâneas de As Mil e
Uma Noites, só aparecem 291 histórias e não 1001. Há quem defenda que se trata
de um número simbólico, ou de um exagero literário; outros consideram que cada
história se divide em vários capítulos, cada um equivalendo a uma noite, o que
perfaria, no total, o número de 1001.CONTOS das Mil e Uma Noites:
A história da rainha Sherazade
Segunda Noite, Conto do terceiro chaik
Terceira Noite, História do pescador e do ifrit
Quarta Noite, História do vizir do rei Iunan e do médico Ruian
Quinta Noite
Sexta Noite
Sétima Noite
Oitava Noite
Nona Noite
As estranhas coincidências da vida
Abdala Terra e Abdala Mar
A história que é toda mentiras
Os artifícios de Dalila, a trapaceira
Judar, o pescador, e o saco encantado
Um califa estranho
O belo adolescente triste
O falcão do rei de Furs
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