terça-feira

Poesia, O baile da Borboleta


O baile da Borboleta

Ponham os chapéus, já chama o clarim
Para o baile da Borboleta e um grande festim,
A Mosca do Gado vira-se para aqui,
E os foliões só esperam por ti.

Entre a erva rasa, junto ao arvoredo,
Debaixo de um carvalho muito velho,
Os filhos da terra e as criaturas do ar
Num divertimento se vêm juntar.

O Escaravelho cego e velho lá vem,
Traz às cavalitas a Formiga também.
Vêm Libelinha, Mosquito e toda a parentela,
De cor variada, azul, verde e amarela.

Lá vinha a Traça de pêlo tamanho
E também o Vespão amarelo e castanho;
Com ele trazia a Vespa pela mão
Mas ambos juraram pôr de lado o ferrão.

O esperto Ratinho veio numa carreira
Trazendo para a festa a cegueta Toupeira.
Veio o Caracol de pauzinhos pra fora
A quem andar um metro tanto demora.

Sobre um cogumelo, a mesa estava posta:
A toalha era uma folha com aquilo de que se gosta;
Coisas boas e variadas para apreciar,
E a Abelha trouxe do seu mel pra adoçar.

Com passos majestosos sempre a avançar,
Prometeu o Caracol um minuete dançar;
Mas tão alto riram dele que fugiu
Para o seu pequeno quarto, e lá dormiu.

Quando em sombras da noite a tarde acabou
O guarda Pirilampo sua luz mostrou.
Vamos lá embora, andemos ligeirinhos,
Que não há nenhum guarda nos nossos caminhos.


Livro "O meu primeiro livro de versos", Maria José Marques, Edições Asa 

Sem comentários :

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.