segunda-feira

As aventuras de Ritinha, de Adriana da Silva Felisbino


As aventuras de Ritinha
Adriana da Silva Felisbino

Era uma vez, uma menina muito criativa chamada Ritinha. Sua criatividade era tão grande que, por algumas vezes, ela se metia em encrencas. Todas as férias escolares e feriados prolongados, Ritinha e seus quatro irmãos iam para a fazenda de sua bisavó, Maria. Como toda fazenda, não lhes faltava lugares interessantes para brincar e deixar a imaginação voar solta! A turminha era sempre a mesma: Ritinha, que era loirinha, de olhos azuis grandes e adorava inventar histórias, Marluce era sua irmã do meio, morena clara e destemida, dificilmente se abatia com alguma coisa, Rodrigo era inteligente, tinha faro de investigador e sempre solucionava tudo com seus óculos de aros pretos, Luana era a irmãzinha mais fofa da turma, loirinha e dengosa não se aventurava se não tivesse um doce à sua espera e o caçula era o pequeno Daclys, um principezinho que, por ser tão miudinho não se arriscava tanto com os demais, mas adorava dedurar tudo o que a turma fazia.
Certa vez, Ritinha descobriu um porão onde sua bisavó guardava vassouras de palha, materiais para fazer sabão, ração, produtos de limpeza e todo o tipo de quinquilharia que se guarda num cômodo desses. Assim que ela percebeu que se tratava de um lugar fechado e meio escuro, ela tratou de convocar toda a turma e começou a inventar a história de que lá no porão havia uma bruxa horrorosa que não gostava de crianças. Assustados, seus primos saíram correndo chorando e nem quiseram mais saber de passar por perto daquele lugar assustador!
Ritinha não perdia a oportunidade de dizer que a bruxa só falava com ela e ainda afirmava que ela não queria conhecer ninguém e que todos deveriam fazer tudo o que ela mandasse. Desse modo, a meninada fazia tudo o que a garotinha mandava, pensando serem ordens da tal bruxa horrenda.
Os dias foram passando e a garota espertalhona é quem sempre determinava as brincadeiras!
– Vamos brincar de pique-esconde, agora de pique-pega, agora vamos pular corda…!
E ai de quem discordasse de suas exigências! Ela jurava que a bruxa estava vendo tudo e que ficaria muito brava com as crianças que a desobedecessem.
Numa tarde, Rodrigo, que adorava se aventurar pelas redondezas da fazenda, viu que a porta do porão estava meio aberta. Apesar de seu medo, resolveu chegar perto para ver a bruxa. Quem sabe ela não falaria com o menino também? Assim que ele chegou perto da porta e olhou para dentro, ele viu que não havia nenhuma bruxa lá, mas apenas vassouras velhas, materiais de limpeza e outros objetos, mas nada de bruxa horrenda! Aliviado, Rodrigo correu para contar aos irmãos o que ele tinha visto, todos vieram e entraram no porão. Como Ritinha não estava perto, eles resolveram fazer uma brincadeirinha para que a menina também acreditasse naquela bruxa que ela mesma criou.
As crianças entraram lá, se esconderam e Rodrigo chamou Ritinha afirmando ter ouvido o chamado da tal bruxa. Neste instante, Marluce começou a improvisar uma gargalhada assustadora de bruxa, Luana ficou provocando alguns ruídos com as vassouras velhas e até o pequeno Daclys tentou ajudar na missão de assustar a criadora da bruxa. O ambiente foi ficando medonho e, de repente, Ritinha começou a chorar compulsivamente de pavor. Ela não conseguia entender o que realmente estava acontecendo.
Ao ouvirem seus soluços, a turma toda saiu de trás das prateleiras e começou a olhar fixamente para a menina que estava desconsolada.
– Por que vocês fizeram isso comigo? Por que quiseram me assustar desse jeito?
Rodrigo entrou na frente de todos e disse:
– Você é quem inventou essa história de bruxa para que nós fizéssemos tudo o que você mandasse achando que era essa criatura que você criou! Se não queria passar um susto desses, não deveria ter feito isso com a gente! Todos nós acreditamos na sua história e também tivemos muito medo de uma fantasia que nem existia!
– Me desculpem! Eu realmente não deveria ter inventado essa história de bruxa. Vocês conseguem me perdoar para que a gente volte a brincar como antes? Tentarei não ser tão mandona mais, e prometo que daqui pra frente, todos nós vamos decidir as brincadeiras juntos aqui na fazenda.
Nesse mesmo instante, Cida, a mãe da turminha foi até a varanda chamar a galerinha para almoçar. Marluce resolveu enxugar as lágrimas de Ritinha para que ninguém percebesse que ela havia chorado. Mais uma vez, a menina insistiu:
– Então, vocês me perdoam pelo que eu fiz? Vamos brincar?
E como amor de irmão sempre vence a tudo, todos responderam em coro:

– Simmmmmmmmmmmm! Vamos brincarrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr?

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