Hansel e Gretel
Era uma vez...
Há muito tempo, numa cabana perto de um grande
bosque, vivia um pobre lenhador com os seus dois filhos, um rapaz e uma
rapariga.
O menino chamava-se Hansel, e a menina Gretel, e o
lenhador era tão pobre que tinha muita dificuldade em sustentá-los.
Um dia, Hansel e Gretel foram com o seu pai ao
bosque buscar lenha e, sem darem por isso, afastaram-se tanto dele que, quando
escureceu, acabaram por se perder.
- Papá! Papá! Onde estás? - gritavam em coro os
meninos.
Mas, tendo andado durante horas a tentar encontrar
o seu pai ou, pelo menos, sair do bosque, quanto mais andavam mais se afastavam
da sua casa. Cheios de fome e muito assustados, vaguearam a noite inteira pelo
bosque escuro, pensando que nunca mais voltariam à sua casa, até que, por fim,
muito cansados, aninharam-se debaixo de uma árvore e acabaram por adormecer.
De manhã recomeçaram a caminhada, mas cada vez
penetravam mais no bosque, e tinham tanta fome que quase não conseguiam andar:
- Olha - disse Hansel olhando para o ramo de uma
árvore - que pássaro tão bonito! Um pássaro, branco como a neve, estava pousado
num ramo. O seu canto era tão bonito que os meninos pararam para o ouvir.
Quando o pássaro branco parou de cantar, abriu as asas e levantou voo.
Sem saber muito bem porquê, Hansel e Gretel
seguiram o pássaro branco, que voava baixinho e muito devagar, como se os
quisesse levar a algum sítio.
Seguiram durante várias horas o pássaro, que
finalmente pousou numa bonita casinha.
As crianças dirigiram-se para lá, muito contentes
porque tinham encontrado um sítio onde podiam arranjar alguma coisa para comer,
e saber como podiam sair rapidamente daquele bosque sinistro. Mas qual não foi
a sua surpresa quando chegaram ao pé da casinha e viram que as paredes eram de
bolo, o telhado de chocolate, e os vidros das janelas de rebuçado transparente.
- Que grande banquete que vamos ter Gretel! -
exclamou Hansel. Vou já comer um grande bocado do telhado! Correram para a
apetitosa casinha. Hansel subiu ao telhado e começou a comer uma telha. Gretel
aproximou-se de uma janela e lambeu o vidro. Ao ver que era doce, e como era
muito gulosa, arrancou um pedaço e chupou-o.
De repente, abriu-se a porta da casinha e saiu de
lá de dentro uma velhinha. As crianças ficaram tão assustadas que deixaram cair
as guloseimas que estavam a comer, mas a velhinha acalmou-as dizendo-lhes:
- Não tenham medo, queridos meninos.
Como é que chegaram até aqui?
- Perdemo-nos no bosque - respondeu Gretel.
- E temos muita fome - disse Hansel.
- Então venham - disse a velhinha. Venham e comam
o que quiserem.
Dito isto, a velha fê-los entrar para dentro de
casa. Depois preparou-lhes uma apetitosa refeição, com bolos e leite, maçãs e
nozes.
Mas a velha era na realidade uma bruxa malvada,
que tinha construído a casinha para atrair as crianças e as devorar.
Ao anoitecer, a bruxa preparou uma cama para as
crianças que, como estavam muito cansadas, se deitaram contentíssimas, pensando
que tinham tido muita sorte em encontrarem aquela velhinha tão boazinha, e
adormeceram logo. Mas de manhã, a bruxa tirou Hansel da cama bruscamente e
fechou-o numa gaiola. Depois disse a Gretel:
- Prepara comida para o teu irmão, que está muito
magro e tem de engordar. Quando estiver gordo, vou assá-lo no forno e
comê-lo... Ah, ah, ah!
Todos os dias Gretel tinha de preparar muita
comida para Hansel, que ia engordando pouco a pouco.
- Mostra-me um dedo para ver se estás a engordar -
dizia a bruxa ao menino. Mas Hansel mostrava um osso de galinha, e a bruxa, que
via muito mal, acreditava que o osso era o dedo da criança e que este ainda
estava magro.
Depois de quatro semanas, a bruxa cansou-se de
esperar e disse a Gretel:
- Já estou farta. Acende o forno que eu vou comer
o Hansel assim mesmo.
- Não sei acendê-lo; vais ter de me ensinar -
respondeu Gretel.
- Pequena inútil! - gritou a bruxa.
Vê lá se aprendes como se faz.
A velha abriu a porta do forno e meteu metade do
corpo dentro dele para o acender. Então, Gretel empurrou-a e fechou-a lá
dentro.
A bruxa gritava e batia na porta do forno, mas
esta era de ferro e não havia forma de a abrir por dentro.
Gretel correu a libertar o seu irmão. As crianças
abraçaram-se e pularam de alegria, e, como a bruxa já não lhes podia fazer mal,
foram fazer um reconhecimento à casa.
Qual não foi o seu espanto ao encontrarem vários
cofres cheios de pérolas preciosas! Encheram os bolsos de jóias e saíram a
correr da casinha de chocolate, ansiosos por voltar para ao pé do seu pai.
Não demoraram muito a encontrar caminho de
regresso a casa, onde o pai os recebeu chorando de alegria. E com as jóias da
bruxa, viveram felizes para sempre.
Vitória, vitória, acabou-se a história!
Livro
"Os teus contos clássicos", Rita Bruno, RBA Editores
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