O macaco e o gato – Fábula de Monteiro Lobato
Simão, o macaco, e
Bichano, o gato, moram juntos na mesma casa. E pintam o sete. Um furta coisas,
remexe gavetas, esconde tesourinhas, atormenta o papagaio; outra arranha os
tapetes, esfiapa as almofadas e bebe o leite das crianças.
Mas, apesar de amigos e
sócios, o macaco sabe agir com tal maromba que é quem sai ganhando sempre.
Foi assim no caso das
castanhas.
A cozinheira pusera a
assar nas brasas umas castanhas e fora à horta colher temperos. Vendo a cozinha
vazia, os dois malandros se aproximaram. Disse o macaco:
– Amigo Bichano, você que
tem uma pata jeitosa, tire as castanhas do fogo.
O gato não se fez
insistir e com muita arte começou a tirar as castanhas.
– Pronto, uma…
– Agora aquela lá… Isso.
Agora aquela gorducha… Isso. E mais a da esquerda, que estalou…
O gato as tirava, mas
quem as comia, gulosamente, piscando o olho, era o macaco…
De repente, eis que surge
a cozinheira, furiosa, de vara na mão.
– Espere aí, diabada!…
Os dois gatunos
sumiram-se aos pinotes.
– Boa peça, hem? — disse
o macaco lá longe.
O gato suspirou:
– Para você, que comeu as
castanhas. Para mim foi péssima, pois arrisquei o pelo e fiquei em jejum, sem
saber que gosto tem uma castanha assada…
O bom-bocado não é para quem o faz, é para quem o
come.
Sem comentários :
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.