Os esquilos Danilos e a ponte nova
Os dois
esquilos Danilos - Danilo Pai e Danilo Filho - são muito viajados.
Numa das
suas viagens, tiveram de atravessar um rio. Quando chegaram à ponte e viram a
ponte partida, não desanimaram.
- Por aí
adiante, mais coisa menos coisa, deve haver outra ponte nova - lembrou-se um
dos esquilos Danilos.
E foram
à procura da ponte. Só que, por azar, não tomaram o caminho certo. Foram no
sentido contrário.
Quando
passaram por uma rã, perguntaram-lhe:
- Sabe
onde fica a ponte nova?
- Ponte?
É coisa de que não preciso - e a rã saltou para a água.
Depois
encontraram um sapo e perguntaram-lhe:
- Sabe
onde fica a ponte nova?
- Por
aí... Por aí... - respondeu o sapo, quase sem fechar a boca.
O sapo
estava de língua estendida, à espera de que algum mosquito nela poisasse, e não
lhe convinha muita conversa.
Depois
encontraram um grilo e perguntaram-lhe:
- Sabe
onde fica a ponte nova?
- Ponte
nova, ponte nova
quem não
sabe não se assoa.
Dão-me
tema e faço a trova
nem que
a rima seja à toa.
Ponte
nova, ponte nova
pontapé
e ponto-de-cruz
quem
tais versos não aprova
cai no
chão e catrapus!
Do grilo
poeta também não levavam nada. E como já estavam cansados de andar pela margem
do rio, os dois esquilos Danilos - Danilo Pai e Danilo Filho - decidiram fazer
uma jangada. Juntaram umas canas, amarraram-nas com raízes e saltaram-lhe para
cima.
A
princípio não houve novidade, mas como a corrente do rio era cada vez mais
forte, os dois esquilos perderam o domínio da jangada.
-
Socorro! - gritavam. - Atirem-nos uma corda.
Da
margem, o grilo, indiferente ao pedido, fazia versos:
- Uma
corda ou um cordel
um
cordel ou uma cordinha
quem tem
lápis, tem papel
quem não
tem, é porque tinha...
-
Socorro! - gritavam, depois, para o sapo na margem. - Uma corda...
- Por
aí... Por aí... - respondeu o sapo, sem se mexer, e quase sem fechar a boca.
-
Socorro! - gritavam para a rã, pouco depois. - Lance-nos uma corda.
- Uma
corda? Nunca precisei de tal coisa! - e a rã mergulhou.
Passaram
a seguir, a toda a velocidade, pelo meio da velha ponte destroçada, e mais
adiante deram finalmente com a ponte nova. De um salto - porque os dois
esquilos Danilos eram ágeis - agarraram-se à ponte e treparam para o tabuleiro.
A jangada, essa, continuou correndo, ao sabor da corrente...
-
Conseguimos - exclamou o Danilo Filho para o Danilo Pai, enquanto se sacudia da
água.
- Mais
coisa menos coisa, conseguimos sempre - aprovou o Danilo Pai, alisando o pêlo.
E os
dois esquilos Danilos prosseguiram viagem.
António
Torrado
Sem comentários :
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.