Por bem
Uma
galinha, um pato, um cão e um burro iam a fugir por uma estrada fora.
Corta-lhes a correria um polícia:
- Alto
lá, seus fugitivos. Para irem com essa pressa, alguma maroteira fizeram.
Eles
protestaram que não, mas o polícia, desconfiado, quis saber pormenores. Então,
a galinha explicou:
- Eu ia
a fugir, porque ontem ouvi que iam fazer canja, lá em casa.
Ao que o
pato acrescentou:
- E
depois da canja, pato com arroz...
O cão
explicou:
- O meu
dono ia mandar-me para o canil.
- E o
meu dizia que eu estava velho e ia mandar-me abater - disse o burro.
- Mas
comigo ainda podes - disse o polícia, saltando-lhe para os costados.
Presa a
cada mão, trazia o pato e a galinha. Salvara-se o cão, que o polícia não teve
maneira de prender.
- Toca a
andar para a esquadra - comandou o polícia. - Vai tudo preso.
O burro,
habituado a obedecer, obedeceu. Mas o cão, que se safara, é que não se
conformou. Deu uma valente mordidela numa das patas do burro, que escoiceou. O
polícia caiu ao chão e largou a galinha mais o pato.
Correram
os bichos. Mal refeito da queda, o polícia não teve forças para persegui-los.
-
Desculpa a dentada - disse o cão ao burro, quando se viram a salvo. - Mas foi
por bem.
- Não
tem importância - respondeu o burro, a mostrar os grandes dentes, num riso de
felicidade. - Há coisas que ardem, mas curam.
António
Torrado
Sem comentários :
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.