O veado e a onça
Conto
japonês
Havia um veadinho que
morava nas florestas. Um dia decidiu construir sua própria casa.
Andava de um lado para o
outro, procurando o lugar apropriado para a casa. Até que conseguiu achar o
lugar adequado. Era um lugar muito agradável. À noite, uma brisa vinha de longe
e havia um riachinho por perto.
"É um lugar
realmente bom. Vou construir minha cada aqui", pensava.
E, com esse pensamento em
mente, correu para buscar lenha e alguns galhos de árvore. A noite estava
chegando e ele queria deixar a madeira lá.
Na floresta havia também
uma onça muito grande. Um dia, ela decidiu construir sua própria casa.
Andou muito pela floresta
e finalmente achou o lugar. Era muito agradável.
Mas a onça não sabia que
esse lugar ficava bem em frente ao lugar que o veadinho havia escolhido. A onça
pensou, "muito bom lugar! E, olhem só: há galhos de árvore, areia e lenha
aqui. Não sei quem carregou tudo isto, mas... obrigado assim mesmo!" E
carregou a lenha, os galhos e a areia para construir a base da casa.
A madrugada estava
acabando e a onça foi embora.
O veadinho voltou para o
lugar com o raiar do sol. Achou estranho encontrar a lenha, a areia e os galhos
em um lugar um pouco diferente daquele onde ele havia colocado, mas pensou
consigo mesmo, "obrigado, amigo invisível, que já adiantou o trabalho para
mim". E o veadinho levantou as paredes da casa, e fez as janelas. Foi embora
ao cair da noite.
Assim que o veadinho saiu
a onça chegou. "Maravilhoso! Vim para construir as paredes da casa mas já
estão prontas! Obrigada, querido amigo, que está me ajudando na construção da
minha casa!" E, assim, a onça completou o teto e o telhado da casa.
Quando a madrugada ía
alta, vendo que a casa já estava quase pronta, a onça foi embora mais uma vez.
E, como sempre, o
veadinho chegou ao local assim que o sol deu seu bom-dia. Ficou extremamente
surpreso ao ver o teto e o telhado prontos. "Há alguém me ajudando nesta
casa", pensava, "e está ficando muito boa. Hoje vou trabalhar
bastante e a casa ficará pronta!" E o veadinho trabalhou o dia inteiro.
Trabalhou tanto e ainda
sobrou tempo para pintar as paredes, as portas e as janelas. A casa estava pronta,
finalmente! Entusiasmado, entrou na casa e foi tirar uma soneca.
A onça voltou à casa
quando a noite chegou. Ficou alegre como nunca assim que viu a casa pronta.
"Obrigada a você, amigo invisível, que tem me ajudado a construir esta
casa!", era o que pensava a onça o tempo todo.
A onça entrou na casa,
feliz da vida.
O quê? Havia alguém
dormindo na cama. A onça gritou, furiosa:
— Quem é você, estranho?
Esta é a minha casa. Caia fora, já!
O veadinho levantou-se
rapidamente; ele não estava com medo da onça, e respondeu-lhe, com força:
— E você, quem é VOCÊ?
Esta é a MINHA casa. Dê o fora, agora!
A onça ficou brava pra
valer:
— Esta casa é minha! Eu
mesma a construí!
O veadinho não se intimidava
frente aos dentes da onça:
— Esta casa é minha.
Minha, entendeu?
E os dois começaram a
discutir. Gritaram e gritaram de manhã à noite. Depois de tanto brigarem,
decidiram dividir a casa e morarem juntos. Como a noite já estava alta e eles
estavam exaustos, foram se deitar imediatamente.
O veadinho, entretanto,
não conseguia dormir. Todas as vezes que se virava para o lado, tentando achar
uma posição mais confortável, as garras da onça acabavam machucando suas
costas.
A onça, da mesma forma,
não conseguia pregar o olho um só minuto, porque os chifres do veadinho
cutucavam seu lombo.
A noite foi terrível para
os dois moradores, que não tiveram um momento de paz e sono.
No dia seguinte, o
veadinho e a onça começaram a discutir novamente e corriam um atrás do outro,
sem cessar.
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