A
velhinha e o porco
Joseph Jacobs
Era uma vez uma pobre velha que vivia sozinha.
Um dia, estava varrendo o quintal e encontrou uma moeda. "Que farei com
esse dinheirinho?" pensou ela. "Ah, já sei. Irei ao mercado e
comprarei um porquinho para me fazer companhia." E assim fez. Quando
voltava do mercado, teve que passar por uma pinguela. Mas o porquinho não quis
atravessá-la.
A velhinha foi mais adiante e encontrou um cão.
- Cachorrinho, por favor, morde o porco que não quer atravessar a pinguela e,
por isso, eu não posso voltar para casa. - O cão não lhe deu atenção.
Ela foi mais adiante e encontrou uma vara.
Pediu-lhe, então: - Varinha, bate no cão; ele não quer morder o porco, que não
quer atravessar a pinguela e eu não posso voltar para casa. - A vara não lhe
deu importância.
A velhinha andou um pouco mais e encontrou um
fogo. - Foguinho, queima a vara; ela não quer bater no cão; o cão não quer
morder o porco; o porco não quer atravessar a pinguela e eu não posso voltar
para casa. - O fogo nada fez.
Ela continuou andando e encontrou a água.
Pediu-lhe: - Água, apaga o fogo; ele não quer queimar a vara; a vara não quer
bater no cão; o cão não quer morder o porco; o porco não quer atravessar a
pinguela e eu não posso voltar para casa. - A água não a atendeu.
A velhinha foi andando e encontrou um boi.
Disse-lhe: - Boizinho, bebe a água; ela não quer apagar o fogo; o fogo não quer
queimar a vara; a vara não quer bater no cão; o cão não quer morder o porco; o
porco não quer atravessar a pinguela e eu não posso voltar para casa. - O boi
não a ouviu.
Mais adiante, ela encontrou um açougueiro e lhe
falou: - Açougueiro, mata o boi; ele não quer beber a água; a água não quer
apagar o fogo; o fogo não quer queimar a vara; a vara não quer bater no cão; o
cão não quer morder o porco; o porco não quer atravessar a pinguela e eu não
posso voltar para casa. - O açougueiro não lhe respondeu.
A velhinha andou mais um pouco e encontrou uma
corda. - Corda, enforca o açougueiro; ele não quer matar o boi; o boi não quer
beber a água; a água não quer apagar o fogo; o fogo não quer queimar a vara; a
vara não quer bater no cão; o cão não quer morder o porco; o porco não quer
atravessar a pinguela e eu não posso voltar para casa. - Mas a corda não ouviu.
Mais adiante, ela encontrou um ratinho e lhe
pediu: - Ratinho, rói a corda; ela não quer enforcar o açougueiro; o açougueiro
não quer matar o boi; o boi não quer beber a água; a água não quer apagar o
fogo; o fogo não quer queimar a vara; a vara não quer bater no cão; o cão não
quer morder o porco; o porco não quer atravessar a pinguela e eu não posso
voltar para casa. - O rato nada fez.
A pobre velhinha andou mais um pouquinho e
encontrou um gato. E assim lhe falou já desanimada: - Gatinho, por favor, caça
o rato; ele não quer roer a corda; a corda não quer enforcar o açougueiro; o
açougueiro não quer matar o boi; o boi não quer beber a água; a água não quer
apagar o fogo; o fogo não quer queimar a vara; a vara não quer bater no cão; o
cão não quer morder o porco; o porco não quer atravessar a pinguela e eu não
posso voltar para casa.
O gato então lhe respondeu: - Se a senhora for
até aquela vaca e me trouxer um pires de leite, eu caçarei o rato.
A velha foi até a vaca e esta lhe disse: - Se a
senhora for até aquele monte de feno e me trouxer uma porção dele, eu lhe darei
o leite.
Ela foi até o monte de feno e trouxe uma porção
para a vaca. Assim que a vaca comeu o feno, deu o leite à velhinha. Ela levou o
leite, num pires, ao gato. O gato bebeu o leite e pôs-se a caçar o rato. O rato
começou a roer a corda. A corda começou a enforcar o açougueiro. O açougueiro
começou a matar o boi. O boi pôs-se a beber a água. A água começou a apagar o
fogo. O fogo pegou na vara. A vara bateu no cão. O cão mordeu o porco. O porco
atravessou a pinguela e a velhinha voltou para casa.
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