Boa ideia, mãe
Ele era
muito distraído. Um cabeça-no-ar. Péssimo para fazer recados. Mas, mesmo assim,
a mãe dele insistia:
- Ó
Pedro, vai ali, se fazes favor, à mercearia do senhor Cosme e traz-me dois
quilos de batatas.
O Pedro
ia e voltava a correr com uma batata na mão.
- Então
as outras? - perguntava a mãe.
- Já vou
buscar, mãe - dizia o Pedro.
Nova
corrida e nova batata. Trazia-as uma a uma...
- Ó
filho, que trabalheira! Metia-las todas num saco e trazias, de uma só vez.
- Boa
ideia, mãe. Para a próxima já sei.
O recado
seguinte tinha a ver com o porco, que tinha ficado em observação no
veterinário, por causa de umas vacinas, e que a mãe não tivera ainda tempo de
ir buscar. Mandou o filho.
Quando o
rapaz regressou sem o bicho, a mãe admirou-se.
- Fui
metê-lo num saco e ele não quis - explicou o Pedro.
- Ó
filho, trazia-lo para casa com um cordelinho amarrado pelo pé e tocáva-lo para
diante com uma varinha.
- Boa
ideia, mãe. Para a próxima já sei.
Pouco
depois, a mãe mandou-o à feira para comprar um cântaro. Quando o Pedro chegou a
casa trazia só a asa do cântaro, presa a um cordel. E ele, muito contente:
- Fiz
como a mãe disse.
O que
valia ao Pedro cabeça-no-ar é que a mãe tinha muita paciência. Ai dele se não
tivesse!
António
Torrado
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