O Cão em sua Busca pela
Luz
Conto Coreano
Era uma vez, num mundo bem distante, havia um planeta
chamado Terra da Escuridão. Como o nome mesmo diz, não havia luz alguma ali, e
a noite era perpétua. As pessoas dali eram acostumadas à escuridão e tinham os
sentidos da audição e do olfato muito desenvolvidos, também sua percepção
espacial era muito aguçada. Mas a verdade era que apesar de conseguirem viver
suas vidas sem luz, as pessoas eram muito infelizes e deprimidas. Estavam
cansadas daquela escuridão infindável. E eles diziam:
- Como eu
gostaria que houvesse luz!
- Ah, se
tivéssemos dia e noite, e não só noite!
- A vida
seria muito melhor se tivéssemos um pouco de luz!
É claro que o Rei da Terra da Escuridão também
desejava a luz e começou a observar a Terra, que tinha seu sol e sua lua,
portanto tinha luz ao dia e à noite. Pensou que por termos duas fontes de luz,
levar uma delas para o seu mundo não nos faria tanta falta assim.
Acontece que na Terra da Escuridão havia uma imensa
população de cães. Todos tinham um cão em casa, mas entre todos aqueles cães,
havia um que era excepcional. Esse cão era grande, forte, de pelos espessos e
de uma inteligência fora do comum. Além de todas essas qualidades, ele também
possuía um focinho gigantesco. E seu focinho não só era gigante, como também
suportava o contato com extremo frio e extremo calor. Aquele cão carregava em
seu focinho até mesmo bolas de fogo, e por isso, seu nome era Bola de Fogo. O
Bola de Fogo também era dotado das quatro patas mais ágeis de todo o planeta, e
corria milhares de milhas num piscar de olhos.
Um
certo dia, o Rei teve uma idéia, “Vou mandar o Bola de Fogo à Terra dos Homens
para trazer aquele sol para o nosso mundo”. E assim o fez.
O
povo já festejava a vitória do Bola de Fogo antes mesmo de ele partir em sua
jornada. E assim que os preparativos foram feitos, Bola de Fogo partiu. A
jornada era longa e o cão não parou sequer para descansar, e em pouco mais de
dois anos, chegou ao sol.
Bola
de Fogo abriu seu enorme focinho e cravou seus dentes no sol, tentando
arrancá-lo do nosso céu. Mas ele simplesmente não conseguiu suportar tal calor
por muito tempo. Humilhado, retornou ao seu mundo.
O
Rei pensou, “Se o sol é quente demais para o Bola de Fogo, talvez a lua seja
possível. E mandou Bola de Fogo buscar a lua. E Bola de Fogo voltou, confiante
de que a lua ele conseguiria trazer, feliz em poder ajudar o povo de seu mundo.
Quando
chegou à lua, cravou seus dentes e tentou arrancá-la de nosso céu, mas a lua
era fria demais e seu corpo não suportava tamanho frio. Então cuspiu a lua de
volta e voltou ao seu mundo, mais uma vez, derrotado.
Quando
o Rei viu que ele havia falhado mais uma vez, ficou muito desapontado, mas não
desistiu da idéia de que Bola de Fogo seria o único capaz de atingir seu
objetivo.
E Bola de Fogo continuou, vez após vez, a voltar ao
sol e depois à lua, tentando levá-los ao seu mundo para alegrar seu povo e
agradar ao seu Rei, mas todas as tentativas foram em vão. Aliás, até hoje, Bola
de Fogo continua viajando os céus e abocanhando a lua e o sol. Hoje, ele está
velho, já não é tão forte ou veloz como um dia foi, mas ele não desiste. E cada
vez que Bola de Fogo crava seus dentes com seu enorme focinho no sol ou na lua,
um eclipse acontece. Por poucos instantes, ele sente que sua lealdade será
recompensada, mas a dor é tamanha que a preservação de sua própria vida entra
em jogo. E ele sabe que sua vida é importante e a preza por saber que um dia
ele conseguirá honrar o pedido de seu Rei e levar a luz ao seu tão amado povo –
Bola de Fogo é um verdadeiro herói.
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