As senhoras de mantinha de seda
Havia uma viúva que tinha um filho muito
aparvalhado. Um dia diz-lhe a mãe:
- Vai à cidade, leva esta barranha de mel, vende-a e
traz-me o dinheiro.
O rapaz agarrou na barranha de mel e dirigiu-se à
cidade. Pelo caminho viu-se perseguido por muitas coisas e falando
nervosamente, para elas, dizia-lhes:
- Se as senhoras querem comprar mel fazemos negócio,
mas não me piquem, por favor.
As moscas não responderam, e insistiram em não
o largar. Então ele despejou o mel sobre uma pedra e disse:
- Se querem o mel, aí o têm, mas despachem-se e
dêem-me o dinheiro. Então ele zangou-se e disse-lhes que ia queixar-se à
justiça. E assim fez. Voltou para casa para vestir o seu fato e apresentou-se
no Tribunal a fazer queixa:
- Vendi o mel a umas senhoras e não me deram o
dinheiro.
- Mas conheces essas senhoras? - perguntou o juiz.
- Conheço-as de vista.
- E quem são essas senhoras? - indagou, de novo, o
juiz.
- São as senhoras de mantinha de seda, não sei dizer
o nome delas, mas conheço-as logo que as veja.
O Juiz, julgando que ele estava a brincar,
disse-lhe:
- Quando as encontrares atira-lhes uma boa paulada.
Sucede, porém, que nesse momento pousou na testa do
Juiz uma mosca.
Então o labrego «ferrou» imediatamente na testa do
Juiz uma paulada, dizendo:
- Da primeira já estou vingado.
Livro "Novas flores para
crianças", Fernando Cardoso, Portugal Mundo
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